Minha paixão pelo meio
ambiente começou lá trás. Pego-me pensando em tantos momentos e em situações
que me fizeram ainda mais próximas dessa gigante, a maior de todas: a natureza.
Eu, aos 5 ou 6 anos
Na infância, poucos eram os
dias em que não íamos para o meio do mato; caçar iça; andar a cavalo;
escorregar no morro em cima da folha de bananeira; passar as férias na casa do
Tio Zezinho, na Pedrinha; mergulhar no Ribeirão e só sair da água quando pés e
mãos estivessem totalmente enrugados. Isso, sem contar, as vezes em que, meus
irmãos e eu, tínhamos que vender frutas e verduras que meu pai plantava no
fundo do quintal. Além da vergonha que achava ser participar do festival de
bambolê na escola, com um arco feito de uma mangueira preta reaproveitada ou
ainda ter uma bicicleta azul reutilizada.
Momentos com irmãos e fotos quando criança
Em casa, somos em 5 irmãos ( 4
mulheres e 1 homem). Como sou a mais nova das meninas, quando chegavam até mim,
as roupas já não estavam em bom estado, ainda assim, fazia a festa. Era enorme
o esforço de meus pais para comprar algo novo. Mas, não sei se é impressão, os
produtos antigamente eram bem melhores.
O que parecia ser vergonhoso
ou pobreza, na verdade, sempre foi a essência da vida, do valor de tudo o que
temos. Sempre foi o jeito com que meus pais queriam que enxergássemos a vida,
mesmo sem intenção. Ou seja, não precisamos de muito para viver. Entendo, sim,
que necessitamos viver com qualidade.
Entretanto, viver com
qualidade não é o mesmo que consumo excessivo.
Meu irmão, Dú, e eu. Olhem a cor da roupa!!
Pego-me novamente refletindo
sobre como vivia no passado com tão pouco, sem a necessidade e sem condição de
ter carne, refrigerante e suco, comida farta à mesa, tv, viagem, carro novo,
roupa nova etc...
Atrevo-me a fazer uma
comparação entre um passado nem tão distante com o atual cenário social. Consigo
entender que devemos ser aquilo que realmente queremos ser e não os que outros
querem para a gente. Será que realmente precisamos de tudo o que consumimos?
Não é discurso barato! Busco essa prática todos os dias. Quem me ensina, além
de minha família e amigos, é a natureza.
Certa vez, em uma gravação do
programa Vale Ecologia, da Band, ouvi de um entrevistado que “era só dar uma
chance que a natureza se recompunha”. Ou seja, ela sempre se transforma, se
reaproveita, se redescobre.
Venho de uma geração sem
muitos luxos e com alegria excessiva. Venha da geração em que víamos muitas
estrelas cadentes no céu, poucos prédios e carros nas ruas. Venho da geração
que uma farofa, um angu, uma brincadeira na rua ou uma simples roda de conversa
com pai, mãe, irmãos e amigos, tinham o valor atual de uma viagem cara, um
carro novo, uma festa de luxo.
O ato de buscar a lembrança do
passado e voltar os olhos para o presente só me faz ainda mais feliz. As minhas
amizades de infância perpetuaram. Amamos uns aos outros e não temos vergonha de
expor este amor, sem interesse.
Não invejamos, mas respeitamos. Já brigamos,
mas respeitamos. Já nos distanciamos, mas respeitamos uns aos outros.
A minha infância verde é mais
do que uma vida ligada à natureza, mas também uma trajetória cheia de esperança
em dias melhores e de mais respeito mútuo uns pelos outros e pelo universo.