terça-feira, 9 de agosto de 2016

PAI -Parceiro, Amigo, infinito

Há quem diga que ele é bravo, há quem diga que ele é um ser indomável. Em casa, meus quatro irmãos e eu o temíamos muito pela sua braveza incessante.  

 O contexto eram a década de 80 e início dos anos 90, inflação em alta, bocas famintas em busca de um arroz e um feijão, que, diga-se de passagem,  em um dia custavam dez, no dia seguinte, vinte Cruzeiros, Cruzados ou sei lá qual moeda era antes do nosso desvalorizado Real. Mas, enfim, aqui estou eu para falar de um homem que, em muitos casos, se confundiu com a figura de filho, pois também precisava aprender com a vida e com nossa mãe.


A vida passou, a gente cresceu e ele sem renascer, se fez outro homem. A vida o ensinou, o tombou e o amadureceu. Foi preciso muita reflexão sobre tudo para ele entender que o hoje é o mais importante. Aquele abraço que antes era frio, hoje é um abraço fofo e cheio de alma. É uma delícia afundar naquela barriguinha fofinha e sentir que seu coração bate por nós de um jeito tão sincero e autêntico.


Foi preciso o tempo para ele me revelar que a revolta do passado  em nada tinha a ver conosco, filhos. Mas sim com a falta de jeito para lidar com um sentimento que ele aprendeu na vida: o medo. O tesouro ao qual me refiro é meu pai, João Batista dos  Santos, 71 anos. Um homem que viveu em meio a muitas dificuldades. Faltaram a ele condições básicas de vida, mas nunca a honestidade, justiça e um hábito, que felizmente lhe é comum e mais intenso hoje: a ressignificação das coisas. Sem poderes de super-herói, ele tem um sábio jeito de olhar para a pior situação da vida e tirar algo bom.


É com ele que tenho aprendido mais e mais sobre os tombos e vitórias da vida. Dizem que domingo será seu dia, mas será mesmo? Para mim, um dia inteiro de homenagens e reflexão é desnecessário, afinal ele precisa apenas de um segundo para absorver a mensagem boa que a vida lhe apresenta. Obrigada por me permitir ser sua filha. Aqui vai um agradecimento cheio do mais sincero amor à minha mãe, Paula, e aos meus irmãos, sobrinhos, amigos, cachorro, gato.kkkkkk

A carta

Era para ser só uma carta. Mas cada linha escrita traz a intensidade dos pensamentos de um pai, que se viu num acontecimento divisor de ág...