Até então era normal assistirmos aos filmes de ficção científica e pensar como seria o mundo no século XXI?
O que não imaginávamos é que acabaríamos indo além do que a indústria cinematográfica previu em muitos aspectos.
Não há uma linha que limite os passos da imaginação humana. Ela também não reconhece o "não" ou o "basta" como respostas. É como se o ato de impor uma ordem, desse o passaporte para um caminho inverso ao recomendado. No mesmo instante, a mente humana passa a contemplar as diferentes ideias existentes e quem sabe até elaborando novas.
A saga em busca da Inteligência Artificial (IA), trouxe-nos possibilidades incríveis.
Certo que mais cedo ou mais tarde precisaríamos aprender a trabalhar com ela.
Pesquisa da Avaya, de 2019, revelou que 55% de 2.800 líderes de empresas oriundos de 17 países utilizam a IA em suas operações de atendimento ao cliente. No Brasil, 99% dos ouvidos aprovam a prática. Mas entre o querer e o fazer, existe um abismo.
Segundo o presidente da IBM Tecnologia, Tonny Martins, a IA em empresas do Brasil não chega a 10% nas operações gerais da companhia.
O que se mostra um grande desafio para o setor de Tecnologia da Informação. Para somar-se a isso, segundo Martins, o ideal seria uma IA cada vez mais humanizada e individualizada.
Parece cômico dizer a um robô para ser humano e/ou buscar fazer a leitura do que o ser humano real de fato deseja.
Mas é justamente isso que têm buscado muitas empresas em todo o mundo.
A pandemia da COVID-19 deu uma mãozinha e estendeu um tapete vermelho para que a IA pudesse avançar ainda mais. Num cenário desconhecido, vimos o mundo parar por um vírus. Temos assistido a vida cessar material, econômica e psicologicamente.
Neste contexto de caos e distanciamento social, que tal ir a um restaurante, ser recepcionado por um robô, direcionado à sua mesa e ainda conversar com ele sobre seu prato do dia?
A China ganhou no fim do mês de abril o seu primeiro restaurante operado completamente por máquinas. O chamado Foodom fica em Guangzhou e é especializado na cozinha tradicional chinesa. Lá, ser humano é bem-vindo somente no papel de cliente. As máquinas fazem de tudo. Além do atendimento direto, preparam os pratos, servem e até cuidam das logísticas de delivery e limpeza.
Nas empresas a realidade é outra. A ideia é usar a Inteligência Artificial para potencializar a Inteligência Humana. É o que, segundo Tonny, se chama de Fisital= físico + digital.
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Criatividade, empatia, inovação e colaboração podem deixar com os humanos.
Nos últimos tempos, temos culpado a tecnologia por todo estresse que vivemos, mas será realmente ela a culpada? Será, que o grande problema não está nas relações que temos conosco.
Queremos estar distraídos de preocupações para procurarmos nas novas tecnologias digitais a fuga certeira?
A nossa única vantagem é sentir, e neste aspecto, precisamos da inteligência emocional como aliada.
É hora de aprendermos a sentir e decidir com nossas emoções. Certo que o conhecimento teórico nunca deixará de ser importante ferramenta, mas com tecnologias que processam e nos ajudam na entrega de dados, temos espaço para nos tornarmos melhores seres humanos, ao desenvolvermos habilidades cognitivas e emocionais.
E pelo que temos visto, em todo cenário aparentemente caótico, é que se vivem as grandes mudanças. Aprender no enfrentamento da crise é tarefa obrigatória.
Uma das lições é repensar o papel da educação, no sentido de garantir a qualidade das escolas, universidades e cursos de toda a natureza. Saber de fato que esse ser humano está sendo testado em todas as suas inteligências (emocional, humana e até no relacionamento com a artificial).
Se por um lado, empregos deixarão de existir, haverá a entrada de profissionais que irão desempenhar papel de curadores das tecnologias que irão realizar esses tipos de serviços extintos.
E se o ser humano é tão competente para criar essa IA, ser capaz de operar pessoas e dirigir automóveis, também é capaz de levar conhecimento à humanidade.
Será uma questão de prioridade!
Assim como queremos aprender o inglês, iremos precisar entender a língua dos computadores: a programação. Isso deverá fazer parte da nossa formação o quanto antes, para que todos tenham possibilidades de acesso ao mundo do trabalho.
Texto: Diego Amaro (pesquisador e historiador)
Lilian de Paula (jornalista e autora deste blog)