sexta-feira, 24 de junho de 2022

Uma viagem na história: fomos ao México!

Quando nos perguntaram se queríamos o México com ou sem emoção, certamente escolhemos com essa dose exagerada a mais nessas férias nada convencionais para a maioria das pessoas.

Trajeto do vulcão "Izta"

Luís e eu gostamos de viajar assim e mais ainda, de poder ter esse privilégio diante de uma realidade global tão dura e diferente. Trabalhamos pra isso e não somente vivemos pra trabalhar.

Pois bem, ajustamos o embarque para dia 1 de junho de 2022, mas devido a problemas no embarque, tivemos de comprar novamente passagens para o dia 4 de junho.
Embarcamos pela empresa Copa Airlines,   
(Conexão Guarulhos- Panamá/ Panamá-México), chegando à Cidade do México no mesmo dia. Logo na chegada, o desconforto da mala quebrada na viagem e ao mesmo tempo de uma atenção exemplar da empresa para conosco. 
Enfim, carro alugado pela Europcar ( vale a dica: a Europcar não aceitou o seguro do cartão de crédito e exigiu o seu próprio seguro. Não à toa a avaliação do local no Google é tão baixa).

Mas calma, há vantagens. Ganhamos duas horas no fuso horário (no México, são duas horas mais cedo que no Brasil); além do Peso (moeda mexicana) estar 4 para cada 1 Real (nossa amada moeda).

No mesmo dia, já no fim de tarde, seguimos rumo ao primeiro de muitos destinos nessa viagem. 
Do Estado do México, fomos para o Estado de Hidalgo e lá encontramos um cenário único.
Você já ouviu falar de Tolantongo?  Mais um check demos em locais inusitados para conhecer.


O México é muito privilegiado, simultaneamente azarado por seus fenômenos naturais.
Não houve um dia, pelo que ouvimos nas rádios, lemos nos portais de notícias e assistimos nas emissoras de tv em que não foi emitido algum alerta à população. 
A certeza do privilégio vem quando somos agraciados por conhecer lugares como as Grutas Tolantongo.
Após viajar mais de três horas pelas amplas rodovias mexicanas e de pagar pedágios caros, chegamos à região já de noite. Por isso, preferimos uma pousada, ao invés do camping. Logo, já fomos surpreendidos pelos mexicanos tradicionais do fio do bigode, mas que confiam desconfiando. Na era da criptomoeda, eles ainda preferem o efectivo (dinheiro em espécie). Em Tolantongo, quase que somente assim se dá o pagamento. Alguns restaurantes aceitam "tarjeta" cartão, mas o ingresso  e as barraquinhas pedem pagamento em dinheiro em espécie. 

Na manhã seguinte, dia 5/06, domingo de eleição mexicana, deixamos a pousada e seguimos para as grutas. Antes, porém, mais uma barreira para quem já enfrentou muitas. A exemplo de outros países, tais como Belize, Guatemala e Costa Rica, o México também tem suas restrições sanitárias em razão da COVID-19. No voo, no aeroporto, no comércio e nos pontos turísticos, o uso do "cubrebocas", a máscara, é obrigatório. E na região de Tolantongo, uma barreira de sanitização nos lembrou que esse vírus ainda amedronta quem deseja ter liberdade.




Como chegamos no domingo, creio que tenhamos visto boa parte do povo mexicano lá. Lotado, acho que ninguém foi votar. No México o voto é obrigatório, mas há uma polêmica envolvendo as sanções eleitorais aos eleitores. Ao invés de urnas, eles preferiram piscinas azuis e de aguas termais.

A água de vulcão que desce da montanha desenha um cenário surreal. Muy rico aos olhos humanos. Com o ingresso a 150 pesos + 30 de estacionamento, Tolantongo é assim. E você que gosta de acampar, como Luís e eu, também pode fazê-lo. Essa barraca tem muitos anos de história conosco.



Buenos dias, Buenas tardes, Buenas noches, bom provecho, con permission, desta forma fomos retribuindo a gentileza a nós ofertada nesse país de gente trabalhadora, não importa a idade. Vi muita gente raiz, o que também em muito me lembrou a infância simples junto aos meus irmãos. Dias que um sorriso vinha com a venda de uma de nossas mercadorias (abacate, banana, caldo de cana, creme, pipoca etc).

Enfim, como tivemos 19 dias de viagem, nossos lugares de muitas horas foram o carro e a estrada. 
Um dos caminhos foi esse ambiente desértico abaixo.



Foram mais de 80 horas do Luís ao volante, comigo na copilotagem de GPS, na separação do dinheiro de pedágio, na checagem de lanche em trânsito, no  bate-papo e nas  anotações sobre observações feitas. Afinal, jornalista é jornalista até dormindo. 



No dia 6 de junho embarcamos rumo à divisa dos Estados do México e Puebla.
Vimos esse gigante do alto no voo e algo nos moveu a querer chegar mais perto dele pela primeira vez nessa vida que ganhamos de presente.

      
                    
 Foto do vulcão vista do avião/Chegada ao México


Após quase 300 km percorridos, chegamos à Amecameca, a mais de 3 mil de altitude.
No México, chegamos na estação da Primavera e presenciamos o início do Verão. O sol se põe por volta de 20h15 (22h15 horário de Brasília). E foi por aí que chegamos à cidade próxima aos Vulcões  Iztacchihuatl (inativo, sendo a terceira maior montanha do país) e Popocatéptl (um dos 40 ativos do México e a segunda maior montanha do país). 
Acesse informações do Parque, que fica no município de Zoquiapan.

Pôr do Sol- viagem pelo litoral do Caribe para o Golfo do México 

Na chegada ao @eco.ranchodelvalle,  do amável Pablo, fomos também recebidos pelo jovem garçom de um garbo extremo. Mesmo tendo "cerrado" a "cocina" do restaurante, Jair e as cozinheiras nos atenderam. Ali mesmo pernoitamos num quarto e no dia seguinte em nossa barraca no camping.


Foi bom termos sido abraçados pela simplicidade e amorosidade desses profissionais, pois o dia seguinte prometia. Rumo à Rota dos Vulcões (Parque Izta- Popo). Tão difícil quanto pronunciar o nome dessas duas montanhas, foi subir rumo a uma delas: a Ista, ou "Mulher Dormida". O ingresso custa em torno de 20 Reais por pessoa.

Dos 12 quilômetros totais, os primeiros sete são de  estrada com  leve ascensão que dão acesso aos  5 km principais de grande altimetria. Luís e eu fomos até os 4.850 de altitude, com muita dificuldade, visto que, a partir dos 4.500m a falta de oxigênio fica ainda mais acentuada, exigindo de nossos corpos. Não era possível caminhar mais de 50 metros sem parar para recuperar o fôlego. O topo estava logo ali, mais 1,5 km e chegaríamos, entretanto, o bom senso falou mais alto que a vontade. 



Feito este, que registramos em nossos perfis no Strava.

 
No mesmo dia soubemos que o vizinho da Ista estava se manifestando. O Popo, em maia, significa "montanha fumegante", havia  registrado atividade nas últimas 24 horas, o que fez com que as autoridades emitissem alerta 2 amarelo (escala de 1 a 3). Mesmo não sendo especialistas em vulcão, notamos que havia muita fumaça no topo da montanha e que a cidade estava toda cinza. Confira o link reportagem.

Foto tirada do caminho de volta do vulcão Ista. Ao fundo, a fumaça do Popo.

No dia 8 de junho embarcamos rumo ao Estado de Oaxaca. Nas rádios, além de muitos hits norte-americanos, ouvimos sobre questões ambientais do México e  notícias de nosso Brasil.  O país da América Central, por exemplo, tem coisas inusitadas e diferentes de nosso país. Baniu sacolas plásticas dos supermercados e raríssimas foram as vezes em que vimos o uso do capacete.

Aqui a família inteira na moto (Estado de Oaxaca)

Aqui, uma caminhonete utilizada para o transporte público (estado de Chiapas)


Em geral, na parte sul do país, a qual percorremos, observamos muitas cidades sem beleza. Há muita sujeira, pobreza e quase sempre sem prédios altos, provavelmente devido à ocorrência de terremotos. 

Luís e eu sempre costumamos dizer que  a viagem é também o caminho, por sua beleza, por seus bonitos cenários, mas pelas estradas que passamos, raríssimas exceções percebemos isso. O destaque especial foi para a Cidade do México, que é muito exótica e imponente.

De volta aos kms somados, chegamos ao Estado de Oaxaca. Almoçamos num restaurante de beira de estrada, em que, além da  pimenta no camarão, conhecemos também o bonito artesanato  de pintura manual. Tão extremo quanto sua beleza é o preço.


Chegando à cidade de Oaxaca, ficamos em um hotel no centro histórico, justamente pela comodidade e  agilidade e por não encontrarmos um camping. Foi a primeira de quatro cidades em que os prédios coloniais deram um prazer a mais nessa viagem.  O templo de São Domingos valeu um clique interno, além das ruas de Oaxaca, que te dão um carimbo no passaporte para um outro tempo de nossa história.


Os mexicanos que nos perdoem, mas que bom que os espanhóis passaram por aqui. Que bom gosto!

Na culinária,  o México acerta em cheio e nos apresenta uma explosão de sabores. Aumenta nosso senso crítico gastronômico, sem exigir que paguemos caro por isso. Em média, uma refeição sai 100 pesos por pessoa.
Ceviche, camarones, crespa, chilaqules,  tacos  e até feijão no café da manhã fazem quase a gente pedir cidadania mexicana. E olha que a nossa comida brasileira é um espetáculo. (@ocote_cocina).

Em 9 de junho  partimos da cidade para Playa La Bamba. A primeira praia de nossas vidas no oceano  pacífico. No caminho,  uma região serrana,  percebemos o grande cultivo de Mezcal, uma bebida típica do país. Já na chegada à La Bamba, mulheres comerciantes acenavam pra todos os carros chamando-os  para consumirem seus produtos. Quase pulavam na frente.

Ao encontrarmos nosso destino bucólico, próximo à Salinas, conhecemos o dono do restaurante BLUE ROCK. Senhor Osvaldo Escobar Santos (que jurou não ser parente de Pablo Escobar) nos contou diversas histórias. Da política, passando por investimentos futuros,  à proteção do santuário de" tortugas" (tartarugas). Por lá almoçamos e logo em seguida fomos à praia frequentada por muitos surfistas, pelas fortes ondas.
 
Ciclista em terra de surfista ou dorme ou corre. Eu corri e Luis dormiu. Fui até às dunas e, no caminho, um cenário de flamingos pude contemplar. 



Mais tarde, seu Osvaldo nos disse que a região tem sido observada pelo governo mexicano e que, inclusive, o presidente faria uma visita, em breve, para investimentos em um canal portuário (via marítima artificial), a exemplo do que já se tem no Panamá e em Suez. Seu Osvaldo não é pescador, mas contou uma história do tipo. Disse que era tranquilo acampar ali, mas de madrugada fomos acordados por uma tempestade  fortíssima, que nos obrigou a abrigarmos no carro, até a revolta passar. Uma semana antes, o furacão Ágatha havia passado pela costa, atingindo de Oaxaca a Yucatán.

Passados o susto e o desafio de ser mexicano por uns dias e viver num país de extremos, viajamos novamente.
Desta Vez, subimos serra para San Cristobal de Las Casas, no Estado de Chiapas. Disse há pouco que o México não tem paisagem, mas retiro o que disse neste caso. Passamos pela estrada de La Ventosa. Chama-se Istmo Tehuantepec, onde confluem cordilheiras formando o efeito de túnel. É a terceira menor faixa de terra da América Latina (liga a América do Norte à América do Sul), com uma distância de 200 km do Pacífico ao Atlântico e que, por isso, tem de perder de vista centenas e centenas de torres eólicas. 


 
Ao longo da estrada, percebemos baixa oscilação  no preço do litro do combustível (20,30  Pesos mais barato, 22 Pesos o mais caro).
A chegada a San Cristobal de Las Casas foi marcada por um grande desnível na serra. 40 km de subida com 2 mil de elevação. E também por lentidão, devido à obra na estrada. 

Que cidade mais convidativa. Lá comemos a melhor comida da viagem (Kala-MarCevicheria). 


Apesar de ter mais de 100 mil habitantes, ela parece ser pequena. 
No Centro Colonial foi onde encontramos nossa próxima pousada Cabanas El Naranjo, da simpática Tânia. Lá também passei frio no calor do México.  A passagem pela cidade, contemplou a visita ao Centro e ao mercado de "artesanias" e alimentos, onde, acreditem, Luis reviu um velho amigo brasileiro: o prato Içá. No México, a formiga Tanajura recebe o nome de Pacaia e, a exemplo do Brasil, o preço também é elevado: 100 pesos o litro. 
Foi lá também que conhecemos e adquirimos  a pimenta que tanto experimentamos: Chili de Arbol.





Não tô chique como a Dona Lucy, funcionária da Cabana, mas amei nossa parceria


                       crianças dançando

Crianças dançando na praça de San Cristobal de Las Casas

Tomando o famoso suco de Tamarindo em San Cristobal de Las Casas 


O dia seguinte na cidade, descemos a Serra para ver se perto o imponente Canyon El Sumideiro. Com paredes de 1km de altura e trechos com 240 metros de profundidade, o passeio pelo parque encanta e assusta. 57 km de barco (strava), sendo guiados pelo Guia Antônio, que, a exemplo de todo comerciante/ empreendedor mexicano, pede "propina" (GORJETA). Acredite, tem até botão na máquina de cartão com o valor de "gorjeta" a ser doado pelo cliente.  Crocodilos, pelicanos e macacos já fazem um bem bolado com os guias e aparecem bem na hora de nosso tour, dando um tempero apimentado a mais nessa visita. O valor do ingresso? 270 Pesos por pessoa, sendo pagos em cartão e o aluguel do colete SALVA-VIDAS em dinheiro.


Na foto, também há no galho dois filhotes de crocodilo


No mesmo dia, estrada novamente. Do Embarcadeiro para Palenque (também no Estado de Chiapas). Antes porém, vale destacar que aqui há diversas regiões de comunidades indígenas no caminho. Passamos por Misol- Ha e Águas Azuis. E como disse um amigo que fizemos em San Cristobal (Sérgio Velazques), se paga para o governo e para o índio para adentrar os locais. Foi também nessas estradas que avistamos o que eu havia visto, até então,  apenas em séries de tv mexicanas: a venda de gasolina.

Aí também conhecemos uma indiazinha que marcou nossa viagem. Paramos o carro na barreira que o índio coloca na estrada, e ela já veio vender sua banana. Ela disse que era 25 Pesos; Luis fez a contraproposta de 20 Pesos. Ela, no alto de seus 5 anos no máximo e sem nenhum dente saudável na boca, falou: "Esta bien", contente da vida.
Luís achou que tinha saído por cima com o desconto (rsrsrs).



Em vários comércios se vende gasolina no galão.


Chegamos a Palenque, o trajeto não foi longo, mas há muitos obstáculos ruins ("tope" em espanhol)  na estrada, o que não permite fluir.

                             
Ficamos no camping La Reina  Roja (Rainha Vermelha). O proprietário Félix recebeu com muito apreço a nossa sugestão de que, a exemplo de outras inúmeras bandeiras de diferentes nações que vimos lá, como dos Estados Unidos, Canadá, Argentina, também tivesse uma nossa lá. O camping/restaurante é de uma estrutura perfeita e muito próximo à região arqueológica. Também oferece área de piscina, quadra de vôlei, cabanas, restaurante e wi-fi no talo (uma raridade em terras mexicanas, pelas quais passamos). 

A visita às ruínas maias de Palenque ocorreu um dia após nossa chegada. No local havia muito assédio de guias, que insistiam em cobrar da gente mais uma vez para acessar trilhas internas, que prometem apresentar mais ruínas escondidas em meio à mata, sendo que já havíamos pagado o ingresso oficial. Nessa hora, encontramos um casal de alemães (Jana e Dominique) que topou fazer a trilha conosco e fugir da cara raivosa dos guias. Por fim, fizemos uma caminhada em meio à mata e encontramos algumas construções, além de uma família de macacos que nos intimidou com seus uivos do alto da árvore.  Descobrimos, na ocasião, que a indiazinha da banana cobrou 10 Pesos do Dominique, sendo que Luís pagou 20. 😂


Palenque oferece uma ótima estrutura. Dizem que todo esse mistério mórbido que ronda o local tem seus motivos. Das mais de 1.500 construções maias, estima-se que apenas 1,5%  tenham sido escavadas até agora. Tudo muito antigo com pesquisas  muito recentes.

Águas Azuis- Chiapas
Misol-Ha-Chiapas


Camping em Palenque
Corridinha para perder a caloria a comida mexicana



De Palenque para o mar. Ou melhor, para a Lagoa.
Voltamos à região litorânea: Caribe! 
Bacalar, estado de Quintana Roo, se forma em torno de uma lagoa de 50km de extensão, que fomenta um comércio local de excelente bom gosto. Há pelo menos 7 tonalidades de azul na água. Vimos 5.
No camping Eco Camping ficamos acampados dois dias, com direito a standup peadlle e a não fazer nada. 
A cidade também preserva o Forte de San Felipe de Bacalar. Cobra-se ingresso para adentrar, mas ele quase todo dá para ser visto da parte externa também.


Logo na manhã de saída da Laguna, espécie de bagre vieram bater um papo conosco. 

Privilegiada vista de nossa barraca


Dia 16, seguimos, enfim para o Caribe.
Diferente de muitos, não escolhemos Cancun pela badalação. Mas fomos convidados a uma balada sem precedentes em Playa Del Carmen. A cidade ostenta  som alto e um comércio caro, mesmo tendo suas praias tomadas pelas algas, chamadas de sargaço. Lá, comemos num restaurante de muito bom gosto @lafamiglia, do argentino Júlio.


Almoçando em La Famiglia

Bastou uma noite lá e já seguimos viagem pra Chiquila, que tem um embarcador  para a  ilha Holbox. 
Um lugar que também sabe usar sua beleza natural.  Andar pela costa foi um bom exercício para as pernas e para os olhos. Por 1.300 reais você mergulha com Tubarão Baleia. Deixamos pra outra vida.


                  
Dia longo de viagem da área do Caribe ( Playa del Carmen para Ilha Holbox) para Valladolid. Muitos cenários e costumes observados. Neste dia percorremos aproximadamente 700 km.                  

O trânsito  mexicano, como eu disse, tem suas manias.  Aciona-se o pisca alerta em movimento. Dá-se seta invertida, quando se quer ultrapassar. Muitos carros têm excesso de adesivos em seu para-brisa, a ponto de tirar a visão. Além disso, há muitos carros extravagantes (luzes, cores e adereços). Isso é curioso! O México tem o seu estilo.

Mexicano é raíz, que eu sei. Mas acreditem, num sol de 35 graus, tinha uma criança dormindo.

Na travessia 

A travessia Chiquila - Holbox

Cintos colocados, ligamos o motor do carro e partimos pra pernoitar em Valladolid. A cidade de nome espanhol, também ostenta com glamour um clima colonial. Muito bonito o centro.

                                 
                                 
                                
                                
                                

No dia seguinte, o caminho até Chichen Itza, uma das sete maravilhas do mundo moderno, foi também contemplado com uma parada em um Cenote.

O que o meteorito fez há milhões de anos, a gente desfruta agora.  Luís deu um salto baixo, mas há outros doidos que não podemos dizer o mesmo. O local já foi palco para campeonato de salto da Red Bull. Da uma olhada!  (Link). Vale lembrar que no Cenote Ik Kill só se aceita dinheiro em espécie.

Luís saltando no Cenote Ik Kil

A CAVEIRA ESTÁ EM TUDO NO MÉXICO. SÍMBOLO DE MORTE E DE  VIDA


Estar em Chichen Itza nos fez pensar no feito de homens de centenas de dezenas de anos antes de nós. Que perfeição nos detalhes das pirâmides e nos desenhos de rostos.


Ao final desse dia, chegamos a São Francisco de Campeche, já no Estado de Campeche. Apesar de ter mar, não vimos ela fazer uso  dele para banho no trecho em que estivemos. Desfrutamos de uma corrida na avenida, que eles chamam de Malecon. Lá também registramos uma praça colonial, um coreto preservado e um museu simulando uma casa do século 18.

Até aqui, tivemos praia do Pacífico, Caribe e Golfo do México.

A exemplo de Campeche, Ciudad Del Carmen, nosso próximo destino, também nos brindou com um mar do Golfo do México encantador. Muy hermoso. Foi em Ciudad Del Carmen  que eu comprei asinha de frango, achando que era churros. Li Caramelo ao invés de Carmelo e não observei a asinha de frango no logotipo do food truck (rsrsrs). Apesar de também levar Carmen no nome, preferimos essa cidade pela sua calmaria. Passamos dos 40, queremos sossego (rsrsrs).

            

Malecon em São Francisco de Campeche

Mãeeeee, estamos longe de casa!

Ciudad Del Carmen e seu turismo mais caraterizado pela presença de mexicanos. Logo, o preço fica mais barato.


Museu do século 18- cenário de uma casa típica da época.

Todos os dias somos lembrados dos alertas causados por fenômenos naturais. É preciso de precaver!
Aviso fixado na coluna de um dos prédios pelos quais passamos na Cidade do México.


Reta final da viagem, já é dia 20 de junho, e encaramos 700 km de volante. Passamos por Tabasco, por cidades de refinarias petrolíferas e chegamos à Córdoba, no estado de Vera Cruz. Pernoitamos e mais uma vez a região central do município nos atraiu pela sua beleza. 

A igreja tinha em sua fachada cartazes de pessoas desaparecidas. No mesmo dia, também presenciamos na estrada, mães com cartazes cobrando justiça por um crime que ocorreu há vários anos . E ainda no mesmo dia, os noticiários informavam que a tempestade tropical Célia provocou diversos estragos, inclusive na área onde estávamos. Coincidentemente, no Brasil, perdemos uma grande amiga chamada Célia, que  marcou positivamente cada um de nós. 





Dia seguinte, Teotihuacan e suas pirâmides pré-astecas e maias foram nosso destino.
Diferente de Palenque e até Chichen Itza, a cidade anciã das pirâmides há comércio no local, mas tudo é extremamente controlado e você consegue fazer uma visita de maneira tranquila. O preço do ingresso é bem acessível (85  Pesos/pessoa + 50 de estacionamento), o que dá em aproximadamente 35 reais.


A chegada à Cidade do México ocorreu em 21 de junho, conforme prevíamos.
O hotel Saragoza foi nosso local escolhido pra passar dois dias. 
Em 22 de junho, deixamos o carro no estacionamento e encaramos o metrô.
Bilhete super barato, 5 Pesos. Fomos até o centro histórico, Catedral, Templo Maior,  Mercado da Cidade e outros pontos.

Pra finalizar a viagem, o Espírito de criança bateu a porta e a Vila do Chaves ganhou mais dois moradores.
Fomos até o restaurante Chanfle, do filho do saudoso Roberto Bollanos.
O passeio que seria tão comercial, se tornou muito emblemático. Não só pelas memórias dos tempos de gravação do seriado  estampadas nas paredes do restaurante, como também pelas peças detalhadas no cenário do Chaves e pelo bom humor desse garçom abaixo.
 Isso, isso, isso, isso.
 Luis tirou gargalhada de nós e nos prometeu o melhor Churros da Dona Florinda.  Enfim, comi o Churros e dessa vez era mesmo Churros e não asinha de frango. Confira o cardápio.

Churros, churros, olha o churros




Somente na loucura da Cidade do México é que vimos a presença dos Ubers.
Nas demais, osmente Táxi. Já os Tok Tok dominam. Tem também 1,2,3,4 pessoas nas motos sem capacetes, as lambretinhas,  inúmeras cabeças nas caçambas das caminhonetes, trabalhadores sobrando nos meios de transporte dessa gente guerreira, além de residentes e  turistas abarrotados nos metrôs. Gente lutando diariamente, não importa a idade.

Tok Tok e não Tik Tok



E assim, com toda essa  verdade, diversidade, sagacidade, o mar  de muita "sargacidade", conhecemos um México apimentado, de dinheiro em espécie e de pouco pagamento em cartão,  de deserto a vulcão, de mar a Laguna, de pobreza a fortuna.

Gastamos com viagem, mas saímos mais ricos do México. Na bagagem, muitas lembranças e conhecimento.
Dá sim medo que o medo dá, mas somos passarinhos, soltos a voar, dispostos a achar um ninho. Por quase um mês, o México foi nossa morada.

Mucho gusto em te conhecer. 
Muchas gracias por nos acolher.

Percorremos o Sul do México- no trajeto estiveram também áreas próximas à Guatelama e a Belize



Balanço da viagem 
Dias de viagem: de 4 a 23 de junho de 2022
Kms rodados: 4.800
Horas de volante: 82h31
Estados visitados: 10
Cidades conhecidas: 20
Música que marcou: MÉXICO EN LA PIEL (Luis Miguel)
Conhecimento: não tem preço

A carta

Era para ser só uma carta. Mas cada linha escrita traz a intensidade dos pensamentos de um pai, que se viu num acontecimento divisor de ág...