Olá
gente, tudo bem?
O
que eu mais tenho ouvido quando faço esta pergunta é a palavrinha “não”.
Talvez
ela seja dita com tanta frequência pelo contexto em que vivemos. Um cenário de
crise econômica, desemprego, fome e tantas outras questões.
Mas
há uma crise bem maior que essa, a crise causada pelo mau uso dos recursos
naturais. Esta sim podemos dizer que dita a continuidade de nossa existência
nesta terra.
Quando questionado nesta que é a
primeira entrevista que faço oficialmente para o meu blog de meio ambiente com
um especialista no assunto, o pesquisador José Luiz de Carvalho, do Instituto
Florestal de Taubaté, ele respondeu o seguinte:
“- Não muito diferente de outros países,
a situação do uso indiscriminado das florestas no Brasil vem causando impactos
de grandes proporções sobre os recursos hídricos, sendo estes impossíveis de se
reparar em curto prazo”, ressalta
o pesquisador.
Há
quem queira e acredite em medidas imediatistas como solução, quando todos nós
sabemos que para tudo tem um tempo. Um tempo se faz necessário para a
recomposição, transformação e adaptação.
Espécie nativa- foto: Ocilio José Azevedo Ferraz e Alberto Goro Yamamoto
Ainda
segundo um artigo deste que não é
somente um singelo especialista, mas sim pode ser chamado de guardião da
natureza, não pelo fato de que carrega um escudo e uma arma, mas sim pela
postura de respeito que adotou há um
longo tempo, a Mata Atlântica, aquela que
nos protege como um cobertor que aquece no frio, aquela que nos cerca e ao
mesmo tempo traz beleza para onde se quer que se olhe neste vale de imensidão
verde (Serra do Mar, Serra da Mantiqueira e Serra da Bocaina), estudos realizados por CAVALLI et al. 1975,
demonstram que o Estado de São Paulo em sua situação primitiva (Século XVI), ou
seja, quando aqui somente habitavam os aborígines, a cobertura florestal
natural, composta de Mata Atlântica, Cerradão e Matas de Araucária, ocupava
81,7 % da área do Estado de São Paulo.
Em 1886, com a exploração pela
agricultura, a cobertura foi reduzida a 70,5%. A partir de 1920, a cultura do
café e a expansão das ferrovias movidas à lenha trouxeram perdas de quase 30% à
cobertura florestal nativa. No início da segunda década do século XX, tínhamos
44,4% da mata.
A continuidade do processo de devastação
florestal continuou até a década de 70. Pesquisadores constaram a existência de
aproximadamente 8,3% de cobertura vegetal florestal natural, ou seja, em cerca de 470 anos houve um
decréscimo de 73,4% da cobertura de vegetação florestal nativa do Estado de São
Paulo.
Hoje
temos aproximadamente 7%. Será que tem
jeito de recuperarmos, voltarmos no tempo? O Japão que o diga.
Orquídea: Prova de que a natureza nos surpreende.
foto: Ocilio José Azevedo Ferraz e Alberto Goro Yamamoto
“O histórico
do uso e ocupação das terras no Japão levou a exaustão dos recursos florestais,
somado às guerras, isto foi muito trágico para o país. Hoje 70% da área do país
é coberta por florestas de conservação e de produção e são muito valorizados
pelos serviços ambientais prestados”, afirma José Luiz.
José
Luiz foi categórico em dizer que contra todos os fatos e argumentos resta a
esperança.
“Mesmo com a perda histórica que nos
assola, tem salvação, pelo menos no Estado de São
Paulo, pois muitas áreas estão protegidas como Unidades de Conservação, tanto
de Proteção Integral, como as de Uso Sustentável (SNUC). Precisamos ampliar
esta proteção, se conseguirmos aumentar o quantitativo de 7% para 14% da área
original, será um ótimo ganho ambiental, mesmo assim isto significa “dobrar a área de cobertura de Mata Atlântica” em algumas
regiões do país”, compartilha o protetor do meio ambiente.
foto: Ocilio José Azevedo Ferraz e Alberto Goro Yamamoto
Como fazer isso?
“Proteger
ainda mais os remanescentes de Mata Atlântica, especialmente aqueles que estão
inseridos em Unidades de Conservação. Incentivar a recuperação da “Mata Ciliar”
aumentando os “corredores ecológicos”, que irão ligar os fragmentos florestais.
Implantar a “Reserva Legal” nas propriedades rurais (20% da área com cobertura
florestal) aumentando sobremaneira a quantidade de vegetação florestal. Informar
o cidadão sobre a importância da árvore e das florestas e seus serviços
ambientais (proteção da água, solo, biodiversidade etc)”, conclui José Luiz de
Carvalho.
Professor José Luiz de Carvalho- Instituto Florestal- Foto: comitesm.sp.gov.br
Muito ao sua postagem!
ResponderExcluirParabéns e continue.