quinta-feira, 25 de junho de 2020

100 dias de pandemia - Como vamos contar essa história no futuro?

Você nem deve ter percebido, mas nesta semana completamos cem dias do decreto de início da pandemia no Brasil.

Como vivenciamos muitos relatos sobre como a rotina mudou e teve de ser adaptada a uma nova realidade, resolvemos ouvir quem, há muito tempo, vive sob um outro prisma.

Foi dada aos nossos personagens a liberdade para compor esse texto. A nós, coube narrar e exercitar o nosso olhar para uma visão mais ampla sobre o que realmente é ou não é limitação.

 Confira nas próximas linhas abaixo!

                   Paula, ô mulher linda 



1º PERSONAGEM

*Minha vida era normal.  Trabalhava, saía de casa com minha bike adaptada e até com minha cadeira, antes da pandemia. Enfrentava limitações, como a falta de acessibilidade em calçadas, prédios e comércios, mas, agora, além das limitações de uma pessoa com deficiência (as quais não me impedem, pois busco transpô-las), a maior dificuldade é não sair de casa mais devido à pandemia. 


Fernanda Zanin nasceu com uma doença rara, chamada Artogripose (ancilose congênita das articulações das extremidades/ retenção de uma articulação em uma posição fixa). “Após 13 cirurgias, recebeu o diagnóstico que ficaria paralítica. 

Até ouvir a querida Fernandinha, você tinha parado para pensar  que 42 % das cidades brasileiras não são adaptadas para receber cadeirantes e permitir a eles o livre acesso ao trabalho,  lazer etc? 


2º PERSONAGEM

Alice nasceu no dia 18 de junho de 2020. Quando a mãe de primeira viagem recebeu a notícia da gravidez, em 2019, nem de longe imaginava que o mundo passaria por esse caos. As dúvidas de uma iniciante no assunto triplicaram diante da insegurança causada pela COVID-19. Mesmo com a bebê no ventre, Emília teve como companheiro o cuidado redobrado nos meses de gestação.


“Eu adaptei minha rotina pela Alice: até o início do mês era um ser vivo que crescia em meu ventre e, mesmo tão pequena, já me apresentava a grandeza de uma vida nova. As minhas limitações em relação às festividades comuns à gestação e até as visitas, me mostraram um outro jeito de viver. Tripliquei minha fé nesse período e percebi uma proteção divina, além do amor de minha família e dos amigos. Alice nasceu bem e é tão boazinha”.

Emília Augusta é uma daquelas irmãs que a vida dá pra gente. Assim como eu, nem se imaginava mãe. Agora com Alice nos braços, vê que todas as limitações valem a pena para quem ama e acredita que, dias que parecem ruins, nos ensinam.

A gravidez de risco habitual é aquela na qual, após avaliação pré-natal, não se identifica maiores riscos de complicações para mãe e/ou bebê. Mas há também a gestação de alto risco, na qual se identificam doenças maternas prévias que podem colocar em risco a vida materna e/ou fetal. Mas no caso do coronavírus, as gestantes que estiverem no grupo de risco por qualquer comorbidade,  devem ter atenção redobrada, já que ainda não é confirmado se a mãe pode transmitir ao bebê a doença durante a gravidez. 

E essa sua rotina de impedimento de ir ao shopping, trabalho, aula e demais atividades, há muito tempo vivem os pacientes que tratam doenças, por vezes, tidas como incuráveis.

3º PERSONAGEM

Com a slogan, * A Cura não pode parar*, a Casa Ato, de Guaratinguetá e Lorena, tem dado continuidade ao seu trabalho de apoio às pessoas que precisam da cura do câncer  pelo amor. É lá que elas encontram o amparo psicológico, assistencial e até social.

E como precisam desse cuidado! Não é preciso ir muito longe pra ver como o tratamento oncológico foi afetado neste período de pandemia. Muitos foram cessados, seja por falta de planejamento, seja pelo cuidado com o paciente, foi o caso de Porto Alegre (RS).

-Lembro-me muito bem de como o meu pai, João Batista, tinha uma rotina limitada pelo tratamento do câncer. Durante a quimioterapia, eram dez dias bons e dez dias ruins (indisposto). Recordo-me também dos cuidados com sua saúde, no sentido de manter a imunidade equilibrada, para evitar qualquer outro tipo de doença- Lilian de Paula 

 

Neste contexto, em que o abraço foi limitado, olha só como essa mulher maravilhosa ressignificou a forma de abraçar. Dona Paula se alimenta do amor dos filhos e dos amigos.

Ela transformou o saco bolha no escudo contra o coronavírus. A montagem pode até estar exótica, mas é, sem dúvidas, uma das maiores provas de amor demonstradas neste período. DETALHE: Mesmo protegida, ela ainda não usou e não abraçou ninguém!

Não é a primeira vez que o mundo é assolado por uma situação assim.

Basta olharmos no retrovisor da história para nos depararmos com a gripe espanhola. Em relatos de pessoas da época, percebe-se que pouco aprendemos com ela, ao contrário,  parece que repetimos erros. Aqueles que viveram a “ESPANHOLA”  deixaram muitos relatos dos tempos sombrios que foram encobertos pelo carnaval da década de 1920. Mesmo assim, os dias cinzentos continuaram a fazer parte da lembrança das pessoas que viveram aquele período. Porém devemos lembrar que tratava-se de uma época que não tínhamos acesso ao digital,  situação que fez com que este momento propusesse outros significados. Desta vez, para aqueles que possuem o acesso e enxergam no problema, oportunidades, foi possível criar novas e boas histórias. O que não redime, de maneira alguma, a gravidade da doença, mas que em grande parte gera possibilidades, onde o virtual não chegou, pessoas descobriram novas formas de se solidarizar. Fato é, não podemos esperar a pandemia passar, temos que agir, fazer com o que temos, para que, quem sabe, contarmos essa história de um outro jeito. 

Como será que irão narrar a história da pandemia no futuro? A doença que além de levar vidas, nos fez seres humanos piores, ou o momento em que apesar de termos sido desafiados pela dor, nos superamos e fizemos uma sociedade mais solidária e próspera. 


Autores:

Fernanda Zanin  |37 anos  | Administradora  | Funcionária de uma instituição de ensino. 

Emília Augusta  | 37 anos  |Advogada  | Mãe de Alice.

Casa Ato, Casa de Apoio ao paciente com câncer, Unidades Guaratinguetá e Lorena

João Batista dos Santos  | 74 anos  |quando faleceu, em 2019  | Eletricista  | Pai exemplar | Amigo vitalício

Diego Amaro de Almeida, Professor | Mestre em História Social

Lilian de Paula Santos, Jornalista | Mestra em Ciências Ambientais



domingo, 21 de junho de 2020

A destruição do patrimônio público não apaga possíveis injustiças históricas



Nos últimos dias temos acompanhado uma série de destruições de símbolos da história, como se esse massacre ao patrimônio fizesse alguma diferença nos possíveis “erros” no cometido por personagens ao longo de nossa trajetória.

Não é decapitando estátuas ou pichando monumentos, é que vamos resolver quaisquer tipos de negligências, pelo contrário, ao cometermos esse atos de vandalismo, na tentativa de apagar “certas” histórias, o depredador abre precedente para que as coisas voltem a acontecer. Apagar é negar que ocorreu, o que só daria força para novas histórias de erros antigos.

Os ícones, os símbolos devem permanecer onde estão. Se causam dor, devemos falar das histórias que envolvem e educar para que nunca mais aconteçam e que olhemos para ela com vergonha, mas com a certeza que certos fatos não irão se repetir. 

Outro ponto que devemos lembrar é que a história é a história dos seres humanos no seu tempo, e no seu tempo existia uma outra moral, uma outra forma de ser. E nesse sentido, devemos olhar como aquele que quer aprender, entender e não julgar. Não cabe nem aos historiadores julgar o passado, que dirá aqueles que dela nada entendem.

Se agirmos dessa forma quantos escritores, músicos, políticos, “heróis”... teremos que riscar dos livros de história. Justiça não se faz assim, pelo contrário se conquista estudando e se preparando para compreender cada um dos momentos e das pessoas agindo em seu tempo. E só o seu tempo é que poderiam ter condenado cada um deles.

Volto a dizer a nós só cabe lembrar a história e lutar para que as injustiças não aconteçam mais.


Por Diego Amaro e Lilian de Paula

sexta-feira, 12 de junho de 2020

As lições da pandemia: nossos hábitos em um novo mundo

Diego Amaro de Almeida

Professor | Mestre em História Social.         

Lilian de Paula Santos

Jornalista | Mestre em Ciência Ambientais



A pandemia da COVID-19 nos tirou do lugar comum e nos apresentou a um novo normal.

Novos hábitos foram adotados como regra. A máscara, o álcool, o isolamento etc. E têm sido tão inerentes a nós tais atitudes, que foi só lançar uma rápida pesquisa em alguns grupos de redes sociais para obter uma rápida resposta em um único dia.

Perguntamos assim: 

Você mudou hábitos na pandemia? 

Dos entrevistados, 95% disseram que sim.

Ao serem questionados se eram hábitos bons ou ruins, 72,1% disseram ter adotado como positivo o estar com a família, enquanto que 44,2 % passaram a ler mais e 16,3% a praticarem exercício físico.

Quanto a um hábito negativo, a ociosidade foi a escolhida por 37,2 % dos entrevistados, seguida de 58,2 % de má alimentação e falta de atividade física e 53,5 % de ansiedade e até depressão.

Para muitos, o estar ocioso deve-se ao fato de terem perdido o emprego, para outros, pelo próprio cerceamento de inúmeras atividades externas e até do menor convívio social.

Sobre as práticas positivas, avaliamos que  o isolamento talvez tenha nos trazido para o lugar onde já deveríamos estar há muitos verões e invernos.

E por falar em tempo, houve o bastante (3 meses), e ainda teremos muito pela frente (até novas descobertas contra o coronavírus).   

Tempo de refletir, tempo de parar a vida para aquele planejamento que dificilmente adotamos nas tarefas diárias, até porque somos atropelados por atribuições e/ou ficamos desesperados pela falta de outras condições fundamentais pra seguir adiante (por problemas financeiros, de saúde e outras questões sociais).

O dia pode até ter mudado o seu compasso, mas as horas, minutos e segundos seguem a mesma medida. E nesse novo jeito de lidar com o humano, o digital, o social e até o divino, a gente pode interagir e crescer.

Eu, Lilian de Paula, aprendi a lidar com novas ferramentas de interatividade na comunicação e também agucei ainda mais meu espírito materno, de cuidar  e me preocupar com quem amo e com quem quero bem, de forma gratuita.

Eu, Diego Amaro, descobri que o dia tem 50 horas. Mas é porque passei a acordar ininterruptamente às 5h da madrugada. Em tempos de inverno, durmo à noite e acordo à noite. Deixo para o dia, ler, passear com meu cachorro Ideia, a me reunir com alunos e professores em um modelo de aprendizagem virtual em que eu me desafio diariamente. Acima de tudo, estou tendo contato comigo mesmo.

Hábitos ruins e bons interagem a todo momento. Um ensina ao outro o que intensificar e o que retirar de vez de nossos segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, tempo, vida, trajetória…..  

Nesses períodos de fragilidade da vida humana, vieram à tona muitas de nossas qualidades e defeitos.

Nós somos o que acreditamos ser! Fazemos o que acreditamos poder fazer! E o contrário também vale. 

Já dizia Nietzsche - Aquele que tem um PORQUÊ, pode suportar qualquer COMO -, frase sábia e atual para ajudar-nos a compreender até quando e em quais reais cenários essa vulnerabilidade humana  mostra suas caras. 

Somos frágeis o tempo todo, é nossa condição de pequeninos seres perante à grandiosidade do que temos de conhecimento do universo. Mas também somos fortes se encontrarmos um motivo significativo para tal. Escolha o seu gatilho para fazer subir a sua autoestima espiritual acima de tudo. Perpetue e tatue isso em sua alma. 


E se a gente encontra um sentido em tudo nesse mundão, este é o de compartilhar. Sejam, dificuldades e conquistas. A gente aqui compartilha ferramentas de cultura, interação e crescimento. 

Editor de fotos B612 (gratuito)

App de microbooks/ áudio 12 minutos (assinatura anual);

Google Play Livros (livros pagos e gratuitos)

Q48 - Atividade Física (assinatura anual)

Google Fit - Atividade Física

Calm - Meditação

Estar com a família, estar consigo e se cuidar- (NÃO TEM PREÇO e nem contraindicação).


Até o próximo texto!





quinta-feira, 4 de junho de 2020

Dia do meio ambiente- Essa é pra você que achava que o ser humano era irrelevante para o planeta

Por Victor Huggo de Paula, Lilian de Paula e Diego Amaro.


Permita-nos começar este texto com a reflexão de um estudante, pesquisador e curioso jovem, cujo autoria do texto dividimos com ele. No alto de seus 16 anos, ele segue desacreditado dessa humanidade quando o assunto é o cuidado com o meio ambiente.


Ele diz assim: "O ser humano não muda. Ele comete os seus erros no presente e não vive o bastante para ver as consequências. Seria preciso sua vida durar mil anos pra que ele pudesse ver os reflexos de seus atos".


Não é de hoje que vivemos em um planeta em que a ganância/desenvolvimento superou todas as marcas.


Temos assistido de camarote a exploração em todos os níveis. 


Mas já ouvimos dizer que o futuro está nas mãos das novas gerações. Será mesmo? Se os jovens estão desesperançosos quanto às relações homem/meio-ambiente, o que podemos fazer? 


Dizem também que a palavra incentiva, mas o gesto arrasta multidões.


Se eles presenciam um mundo de alta exploração do meio a todo custo…..é isso o que também poderão, em sua maioria, exalar e agir.


Viver em um sociedade que busca se superar todos os dias é algo que nos motiva, mas sempre devemos olhar com equilíbrio para as coisas! Ao realizar uma nova empreitada, o ser humano tem dificuldades em produzir algumas perguntas, como, por exemplo, se, aquilo que está sendo desenvolvido gera mais danos que benefícios.


Alusão à água
Fonte: UFJF

Se questionamentos são feitos e a resposta final é sempre sim, não é motivo para estacionar o avanço, mas a possibilidade de voltar ao projeto e repensar ações que não comprometam tão cegamente todas as formas de vida no planeta.


Podemos citar aqui vários ramos, desde o farmacêutico até o da construção civil e, porque não falar da educação, essa que deveria nos preparar e nos dar elementos de formação para que fossemos empáticos holisticamente.


A cegueira moral e a falta de comprometimento são as piores das pandemias que podemos enfrentar. Tais atos matam mais todos os anos, também provocam crises que fogem aos nossos olhos, como o que o mundo vive em 2020. E aqui cabe destacar que não há um culpado para a pandemia, mas sim que ela serve como lição de que, mesmo com as diferenças, conseguimos trabalhar juntos em prol de um objetivo. 


Que o humano é um ser ganancioso, não temos dúvidas, porém isso tem levado uma grande parte da nossa espécie a uma vida sem propósito, em que ganhar a todo custo parece ser a única meta! Constrói e destrói a uma velocidade fora do comum e sem perceber o desastre que pode causar para futuras gerações. No mínimo, temos a obrigação de entregar mais do que recebemos. Só assim, o jovem que abre este texto, pode ver no nossos exemplos o significado de união, respeito, sustentabilidade.


Certo que nunca queremos sofrer com o erro alheio, ou seja, se a geração anterior nos deu um planeta explorado, devemos corrigir. Mas aí surge um breve questionamento: quantas vezes nos incomodamos com os nossos erros, a ponto de rever nossas ações?


Algumas notícias estão apresentando situações alarmantes sobre as mudanças drásticas no planeta. Os fatos evidenciam que a ação humana chegou a  tal ponto que coloca em risco, inclusive, o comportamento da terra no espaço. Por mais que a ciência já esteja dando alguns vereditos na busca de uma previsão sobre o que pode e o que não pode acontecer, ainda assim trata-se de um futuro incerto.


Será que, até aqui, pensamos ser apenas formigas brincando de passear na superfície de uma gigante bola, sem afetá-la? 


Quando em nossa existência poderíamos pensar que o excesso de concreto na China e o exagerado uso de água dos aquíferos em todo mundo, em especial na Índia, poderiam provocar uma mudança no peso da terra e o sua consequente *estabilidade* no espaço?


Quantas outras ações mais estão sendo provocadas pelo homem? 


Uma história vale recordar: o famoso inventor Santos Dumont ao ver sua grande inovação sendo utilizada para a Guerra, cometeu suicídio (isso, no caso da deturpação do uso de uma criação).

Claro que o seu feito trouxe muitas coisas boas, mas nunca nos perguntamos como poderíamos evitar os problemas provocados por ela? 


Da mesma forma agora. Será que nunca percebemos que o incessante progresso ao redor do mundo traria ainda mais problemas que aqueles relacionados ao aumento do aquecimento global, que já era previsto. 


Não levamos em conta os riscos que traremos a nós mesmos e esquecemos que não temos o antídoto para todos os males. Simplesmente fazemos!


A falta de comprometimento com a vida, tem nos causado a morte.


Será que temos olhado como deveríamos para o outro, para o ambiente do qual somos meio, ou simplesmente deixamos de lado aquilo que pode nos tirar da zona de conforto e nos dar algum tipo de "trabalho"?


A primeira pergunta que deveríamos fazer é se estamos entregando aquilo que gostaríamos de receber? Se a resposta for não, devemos repensar nossas atitudes profissionais.


Por fim, seguem algumas reflexões.

Certo que para o meio ambiente não há fronteiras, certos também estamos que cuidar do meio ambiente não se trata de uma ação eletiva, ela é obrigatória. Do local para o global. Trata-se de um imperativo moral, e que o cuidar representa uma nova chance para vidas civilizadas, exploradas, desumanizadas e até selvagens.


Nos veremos no próximo texto.


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A carta

Era para ser só uma carta. Mas cada linha escrita traz a intensidade dos pensamentos de um pai, que se viu num acontecimento divisor de ág...