Como resumir o que foram 25 dias na estrada, percorrendo o Sul do Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e pela travessia de um rio que já era o Uruguai? Impossível.
Lá vai mais um textão. (ah, meu cunhado e minha irmã também fizeram um diário de viagem em suas redes sociais)
*Clique nas fotos para ampliar!
Começo o texto pelo fim. Foram 8.850 kms rodados, 18 Estados e 25 cidades conhecidos, dentre brasileiros e estrangeiros, quatro moedas utilizadas, infinitas paisagens e uma bagagem de conhecimento, que não se encontra em lugar nenhum.
Dessa vez, na aventura comigo e com Luís também estiveram meu cunhado Jefferson e minha irmã Angélica. A nossa viagem de férias foi também a de comemoração de seus 25 anos de matrimônio.
Saímos de Aparecida-SP no dia 4 de março, às 5h50. Após 600 km rodados, chegamos em Curitiba, às 14h, onde nos hospedamos no Hotel de Trânsito do Exército.
CURITIBA E MORRETES
Na oportunidade de estar numa das mais bonitas cidades do Brasil mais uma vez, visitamos a torre panorâmica de 109 metros, com uma vista linda da cidade. Do alto, a compreensão da beleza que vimos em solo.
O Jardim Botânico também foi contemplado. Muito importante o local, pois pessoas de diversas cidades e nacionalidades podem conhecer a flora brasileira e também de outros países.
A estada em Curitiba durou mais um dia, já com passeio programado. Na última vez que estivemos em Morretes, Luís e eu conhecemos uma das estações do trem de Morretes, só que de bike.
Dessa vez, nós quatro fomos no vagão para fazer o passeio completo, que geralmente dura 2h50, saindo de Morretes e retornando à cidade. No entanto, dessa vez, o trajeto está sendo concluído em quatro horas, em razão de obras realizadas em alguns trechos, por conta das fortes chuvas.
Dos 108km de trilhos, os vagões (com lotação máxima 1.250 pessoas) percorrem 68 km. O passeio merece seu reconhecimento internacional, pois corta a serra do mar e apresenta um cenário diverso, que vai desde a própria cidade, como também montanhas e construções históricas. Os moradores demonstram amar essa rotina turística. Lembro de ver um torcedor do Grêmio acenando para nós com sua plaquinha gremista.
JARDIM BOTÂNICO
TREM DE MORRETES
MORRETES
FOZ DO IGUAÇU E PARAGUAI
Dia 6 de março, malas de volta no carro, pois às 5h saímos de Curitiba rumo a Foz do Iguaçu. Mais 632km pra conta em 8h de viagem, em sua maioria pela BR 277.
Escolhemos a Pousada Bom Sono, de extremo bom gosto. A proprietária Adriana nos apresentou rapidamente o que seria a chegada ao Paraguai, logo ali do lado. Então, no mesmo dia fomos "logo ali", no país vizinho.
Da inquietação da ponte da Amizade (construída entre as décadas de 50 e 60) à visita conturbada pela Ciudad del Este. Da Calmaria do trenzinho de Morretes à loucura deste grande centro comercial. Buzina, pedestres atravessando em meio ao caos e saindo inteiros do outro lado da Avenida rsrsrs.
Enfim, bastou um dia apenas para conhecer esse lugar agitado. Minha irmã Angélica é também comerciante e atenta aos produtos e preços. Ficou frustrada com os valores praticados no Paraguai. rsrsrs. No Shopping China, localizado no Shopping Paris, incontáveis ofertas de produtos originais, em sua maioria, com o preço igual ou até mais caro que os encontrados nos comércios de nossas cidades e até na internet. Valeu conhecer e muito! Um grande salve aos guerreiros que ganham a vida nessa loucura🙌.
Gostamos da agitação, mas uma agitação causada pelo barulho da natureza. Por isso, no dia 7 de março, o passeio também contemplou as Cataratas do Iguaçú. Escolhemos o lado do Brasil. Pelos ingressos vendidos na hora, pagamos 75 reais/ pessoa. Saiba mais.
Estar nas Cataratas é, não somente visitar um dos patrimônios da humanidade, mas também entender a dimensão do poder dessa majestosa demonstração da natureza.
As Cataratas do Iguaçu
No caminho entre o nosso desembarque até o final do passeio, muitos Quatis chegaram até o público.
UM DIA DE FOLGA!!!
ARGENTINA LÁ VAMOS NÓS
Dia 8 pegamos estrada logo cedo. Destino, Argentina. A passagem pela fronteira do Brasil com a Argentina foi tranquila, levou em torno de cinco minutos e já adentramos à cidade de Puerto Iguazu.
A partir daí, meu bem, buenos dias, efectivo, tarjeta, parrilla, papas fritas, nafta (gasolina) sendo vendida a três Reais o litro e outras tantas expressões e culturas locais, que só somam na bagagem das percepções.
Deixamos para trocar dinheiro na Argentina. Cada Real valendo 67 Pesos Argentinos.
Daí então, seguimos estrada e embarcamos para almoçar em Itzaingó, onde conhecemos a simpática Cecília. Logo no primeiro contato, deu uma aula divertida para meu cunhado estreante no idioma espanhol. Foi só risada!!
A cidade desértica nos apresentou um outro costume diferente do Brasil e que é muito comum em muitos países da América do Sul. O comércio funciona de 9h às 13h e retorna de 17h às 21h. Portanto, se quiser dar um girinho à tarde, vai encontrar "abiertos" uma padaria, um restaurante, uma "carniceria" (açougue). Mas lojas, jamais!
Chegada à Argentina- Puerto Iguazu
saboreando papas fritas no restaurante da Dona Cecília- Itzaingó
Seguimos viagem até Corrientes, sendo acompanhados pelo rio Paraná. E Corrientes nos apresentou o por do sol mais bonito que já vimos. Chegamos aos 45 do segundo tempo e valeu a pena cada segundo. Uma bola de fogo a olho nú e sendo refletida por muitos minutos no rio, que corta a cidade.
Pela viagem longa, logo vimos um hotel, ao invés de camping (camping é uma forma maravilhosa e despretensiosa de viajar. Não é economia, é estilo de viajar que soma para nós), escolhemos mais uma vez um hotel (Confianza, 350 metros do centro).
E na oportunidade das percepções de uma cultura local, assistimos ao noticiário na TV, que comentava sobre o contexto econômico e político local. Deixo para a foto retratar a manchete.
Bagagens no carro, pegamos estrada novamente. E aqui então vou resumir dois dias de viagem, pois passamos pelos Pampas Argentinos; Em Del Chaco, fomos surpreendidos pelo preço dos artesanatos de madeira. Um cabideiro todo talhado na madeira custa 1.400 Pesos Argentinos- 50 reais.
Ao mesmo tempo que Brasileiro sorri à toa com a valorização de nossa moeda, é triste de ver a inflação mudar rotinas e a feição das pessoas com medo do amanhã. Medo escondido no rosto dos artesãos e simpáticos vendedores Ezequiel e Emanuel.
Comprinhas em Del Chaco. ABSURDAMENTE BARATO
No dia seguinte, rodamos mais 415 km beirando os pampas rumo à Salta, uma grande cidade, com quase 500 mil habitantes. Datada de 1582, é considerada uma das que mais preservou a arquitetura colonial da Argentina. O clima é fresco e até quente, apesar de estar a leste das Cordilheiras dos Andes e a 1.187 metros de altitude.
Foi lá também que conhecemos o museu de múmias- Museu de Arqueologia de Alta Montaña (MAAM), aonde são expostos elementos de um Santuário de Altura inca, que incluem as múmias de Llullaillaco. Apesar da semelhança com minha irmã e eu (rsrsrs), ela está morta. Mas tão real, que se uma abrisse os olhos, terminaria a viagem num tiro só (corrida).
Visita ao centro histórico
Museu da múmia
A entrada para o museu custa 10 reais. Impressionante o que vemos Além dos vídeos, eles expõem uma múmia por vez para que os visitantes possam ver. Não é permitido tirar foto neste momento.
Vista do mirante de Salta
Enquanto Jefferson e Luis estavam no voo de drone, Angélica estava conferindo uma ação ambiental para o incentivo ao plantio de mudas em Salta.
A primeira vista que tivemos dos Andes- Vista do alto do teleférico em Salta
Achei pequeno o bife de Salta rsrsrs. Padaria Pan Pan
CURIOSIDADES: Em diversos momentos vimos Argentinos nas filas de banco, devido à inflação. Além disso, avisos no comércio sobre a constante troca de preços dos produtos.
No caminho pelas estradas, o que nos chamaram atenção foram policiais em suas motos e sem capacete; inúmeras capelinhas nas beiras das estradas evidenciando alguma lamentação e até mesmo devoção, em muitos casos, a Santo Expedito; e ótimas estradas, muito bem pavimentadas e sinalizadas.
Clique do meu guerreiro. Dirigiu quase 9 mil quilômetros. Ao fundo, os pampas argentinos.
Paisagens e paradas até Jujuy
O caminho sem paisagens dos Pampas Argentinos deu lugar a um cenário nunca antes visto. Um colorido de montanhas, que nem mesmo a foto consegue apresentar. O olho contempla e a alma se enche.
A chegada ao estado de Jujuy, pela rota nacional 9, se deu no dia 11 de março e já foi na poeira. Xô qualquer manifestação de sinusite, bronquite, asma etc.
Uma típica vendedora de Jujuy. Bem aí mesmo que recebemos o poeirão do deserto na cara
Logo conhecemos a famosa cidade de Purmamarca e o camping do Senhor Javier, onde acampamos com vista para a montanha colorida.
Camping da Família Garcia
Não à toa o povoado é também um dos patrimônios da humanidade. A chegada à cidade é uma viagem no tempo da simplicidade. Ruas estreitas e rústicas tornam o lugar, de dois mil habitantes, único e especial. Nas andanças nossas da vida, nunca vimos um lugar desse nível.
Fazer compra no centrinho já é um diferente passeio para conhecer a cultura local e conversar, na medida do possível, com o povo local.
Descoberta há 20 anos para o turismo, Purmamarca é um daqueles povoados que vivia até então somente da agricultura. A partir da notoriedade advinda da nomeação como Patrimônio Cultural e Natural da UNESCO as ruazinhas vazias ficaram cheias de turistas.
O passeio de Lhamas, a visita ao Cerro de Siete Colores e o Caminho de Los Colorados, coisa boa demais!
Nosso jantar no camping do Senhor Javier- Camping Família Garcia
Nosso café da manhã
Luís fazendo amizades em Los Colorados
Passeio de Lhama. Ao fundo, a comerciante se escondendo da foto
As delícias de alfajor que só a Argentina sabe fazer
Tipos de artesanato local. Trouxe uma xícara desse tipo aí
Saímos no dia seguinte, 12 de março, em direção a Salinas Grandes. A cada trecho da estrada um cenário diferente. Diferentes cores de montanhas, que somadas umas às outras, tornam-se um arco-íris na rocha.
Lhamas e mais lhamas
O caminho que também é a viagem
E por falar em caminhos, olha o visual do Alto da Estrada Cusquez Del Pitan (zig zag). Chegamos aos 4.170 metros de altitude.
Onde faltou ar sobraram encantamento e gratidão.
11 graus e um vento muito forte, mas a pose para a foto foi obrigatória. Foto esta também tirada por brasileiros, que iriam fazer o mesmo caminho que o nosso.
o ponto mais alto dessa estrada
Em Salinas Grandes, uma imagem nunca antes vista nessa nossa trajetória. Um deserto enorme de sal, de onde é exportado ano um milhão de toneladas de sal.
Além das milhares de selfies, vimos por lá caminhões e mais caminhões fazendo o trabalho de minério.
Assim como boa parte dos desertos de sal pelo mundo, as Salinas Grandes tiveram início como um grande lago de água salgada entre 5 e 10 milhões de anos atrás. A água evaporou, mas a camada de sal, de origem vulcânica e com 30cm de espessura, permaneceu, sendo hoje uma das principais fontes de renda da região.
Vista do deserto de sal se aproximando
Acompanhe o vídeo
Salinas Grandes- Argentina
Imagens: Drone do cunhadão
Minha linda irmã!
Quem escolhi na vida
Lá também o cunhadão nem se importou com a falta de higiene da única vendedora de tortilhas- rsrsrs. Mão no dinheiro, mão na tortilha. 300 pesos por pessoa e a garantia de uma deliciosa refeição, mesmo que sem as normas de higiene.
Além das Lhamas que vimos pelo caminho, cactos e mais cactos deram o tom de um cenário inóspito, o qual se caracteriza a região desértica pela qual passamos até chegar a Susquez, a 3.600 metros de altitude, onde pernoitamos. O desconforto com a respiração se manifestou em nós. A única resistente foi a Angélica.
Vista da pracinha da cidade. Um deserto no meio do deserto
Enquanto crianças brincam na praça, eu super agasalhada rsrsrs
CHILE LÁ VAMOS NÓS
Dia seguinte, saímos da cidade às 8h rumo ao Chile. O termômetro marcava 7 graus. Tomamos um café na estrada, onde conhecemos o argentino motoqueiro Thomaz. Ele disse amar o Brasil e, entusiasmado, nos contou que, em 2024, pretende, junto da família, passar um ano no Brasil, viajando de carro pela costa.
Encontramos incontáveis motoqueiros nas estradas. Este casal é do sul do Brasil
Mandamos a foto para eles
Além dos motoqueiros, a raposinha chilena
Na Rota Nacional 52, seguimos viagem e vimos escaladores nas incontáveis rochas que essa parte do mundo oferece.
Nesta estrada, chegamos a 4.600 de altitude. Quanto mais alto, mais bonita a paisagem.
Na fronteira da Argentina com o Chile um problema no seguro do carro, mas por um milagroso sinal de wi-fi local no meio do deserto, conseguimos embarcar. Na Aduana, o destaque para o simpático agente público Jorge.
Fronteira Paso de Jama. Vistoria nos carros
Enfim, chegamos ao Chile, uma nação bem peculiar.
São 6.435 km de extensão de litoral e pouco menos de 180 km de largura. Antes de chegarmos a São Pedro do Atacama, alcançamos nossos 4.812 metros de altitude no deserto do Chile. E lá também passamos próximos à divisa com a Bolívia.
Os nossos olhos enchem pela paisagem. Mais uma vez a certeza de que viajar é um dos melhores trajetos a se tomar na vida. CALCULE SEU GPS NESSA ROTA. É CERTEIRA.
Vulcão de longe
Legenda da foto: O Chile é o país dos vulcões. Estão catalogados no país mais de 2.900 vulcões.
Conheça 7 vulcões mais ativos do Chile para prática de montanhismo (blogdescalada.com)
Luís e eu já havíamos estado no Chile em 2017. Na ocasião, o preço praticado nesta nação nos assustou. Dessa vez, não foi diferente. O Chile é caríssimo (cada Real equivale a 150 Pesos Chilenos, e mesmo assim, os chilenos metem a faca).
São Pedro do Atacama, não é diferente. Por conta de um compromisso pessoal, nos hospedamos no Hotel Ckasuama (400 reais - 65 mil pesos o quarto). Hotel o qual não indico. A recepcionista Maria nos atendeu de maneira mal educada e sem disposição turística, pra não dizer outra coisa.
Sua falta de paciência, no entanto, foi apagada pela gentileza de outros dois agentes de turismo da cidade. Na Agência Duna Atacama fomos recepcionados pelo atendente colombiano Kevin. E no Hostel Siete Colores, que ficamos no segundo dia de nossa estada em São Pedro, conhecemos o Chileno mais corintiano e simpático Senhor Gustavo.
CURIOSIDADE OU AZAR: E aqui fica uma observação. Dos 365 dias do ano, não chove de 350 a 360 dias. No dia em que estivemos lá, choveu, o que nos impediu de realizar o passeio astronômico: uma observação de um dos céus mais bonitos do mundo.
Chuva no Deserto do Atacama- São Pedro
Mas arrumamos outras ocupações. Além de comemorar o aniversário do Luís no barzinho da cidade (não vou falar nome, pois é estranho rsrsrs), nós também visitamos a Laguna Tebinquinche, a qual não indico para quem deseja nadar, pois o local não permite mais a imersão na água, mas não deixa de ser lindo; rolou um trekking para um canion Guatin e uma cachoeira de água quente; fomos ao Museu do Meteorito; rolou visita no comércio; e a vista deslumbrante do Vale da Lua, sem pagar os 72 reais por pessoa que eles estavam cobrando. A vista de um mirante abaixo fica na beira da estrada.
Entrada exótica de um bar em São Pedro
Angélica e Jefferson na Laguna Tebinquinche
Laguna Tebinquinche
Canion Guatin
Canion Guatin
Trekking e mergulho na cachoeira do canion Guatin
Jantarzinho comemorativo de aniversário
Vale da Lua que improvisamos
Centrinho comercial de São Pedro
CURIOSIDADES: O CHILE É CARÍSSIMO! Sobre os preços praticados no Chile, vale destacar o da gasolina, o litro saindo a R$8,50; o preço da água de 500 ml, R$20; um copo de suco, R$26.
O caminho é no mínimo peculiar
No dia 15 de março, despencamos na altitude. Saímos do deserto rumo às praias do Chile. E o caminho é também a viagem.
Placas fotovoltaicas. Vimos também povoados que há muito deixaram de existir (Pampion)
Chegamos a Antofagasta- litoral norte chileno para almoçar.
Confira a time lapse de nossa chegada- Do deserto à Praia
E no dia do aniversário de um brasileiro chamado Luís (meu companheiro) conhecemos outro, que trocou o Brasil pelo Chile há 26 anos. Lá o gaúcho Inácio constituiu família e hoje mantém o restaurante "Os Garotos". De sua boca, espontaneamente, ouvimos muito sobre o sistema político, econômico e de segurança pública.
Almoço de aniversário num recinto brasileiro de Antofagasta
Por isso, também por duas vezes, mudamos a rota nessa viagem. Santiago foi deixada de lado pela alta violência relatada a nós. Na Argentina, iríamos passar por Mendoza e Buenos Aires, mas trocamos por Córdoba e Concórdia (e acertamos, creio eu).
Seguimos viagem e só pernoitamos no Hotel Beatriz, em Taltal.
Dá um clique no vídeo do por do sol em time lapse
Mais um por do sol, desta vez, na praia de Taltal.
A região costanera tem área de wi-fi para os turistas e também oferece quiosques e churrasqueiras.
Região costeira de Taltal
Basta coragem para adentrar a água gelada do pacífico
Luís entrou
cunhadão blogueirou e registrou
No dia seguinte, de Taltal à La Serena, a segunda cidade mais antiga do Chile (fundada em 1544).
No trajeto, a conhecida e bucólica rota do deserto. Muito distantes uma das outras, cidades persistem em sua existência à beira do mar. Em algumas áreas até povoados se acumulam em meio às pedras.
Em La Serena (Hostel Juna Del Mar), chegamos à tarde. Na beira do mar, fica o farol Monumental de La Serena, a principal atração turística e referência de localização na cidade e que data de 1951.
No dia seguinte, Angélica e Jefferson se aventuraram pela cidade e na praia de muito vento e água gelada.
Luís e eu resolvemos fazer o passeio de barco até à Isla Damas e Isla Choros- Reserva Nacional dos Pinguinos de Humboldt.
No passeio, a promessa de também ver outros dos principais animais do Chile: guanacos, flamenco chileno, leões marinhos, choros, entre outros.
Os guanacos
Sobre o passeio, tivemos uma aula de cultura local com o cômico guia Felipe Torres (agência Eco Turismo), o qual explicou sobre terremotos históricos no Chile ( sendo o mais forte dele registrado em 22 de maio de 1960, de 9,5 graus e que destruiu muitas cidades, dentre elas, Valdívia, que afundou quase três metros); falou sobre a população de pinguins, que 80% da espécie Humboldt vive na Isla Damas; citou as áreas verdes no deserto, explicando que são cultivadas pela água subterrânea de rios, que antes passavam por cima da terra, mas que as mudanças geológicas os fizeram submergir; por último, destacou a cultura das azeitonas e azeites.
Isla Damas e Isla Choros
No passeio conosco, o encontro de nações. Havia chilenos, franceses, venezuelanos e mexicanos. Ao nos apresentarmos como brasileiros, uma chilena veio nos perguntar sobre a música de Renato Teixeira- Romaria. Se a composição era famosa, pois muitos pediam pra ela e o esposo nos shows.
Por conta da gripe aviária, o desembarque na Isla Damas não foi permitido, o que não tirou a beleza do passeio. Detalhe: o pacífico só é pacífico no nome, que mar forte e muito gelado. Luís e eu ficamos encharcados no barco rsrsrs.
No dia 18 de março, mudanças de plano. Ao invés de Santiago, voltamos para a Argentina- rumo a San Juan, uma das províncias que têm a honra de abrigar os mais antigos fósseis de dinossauros já descobertos no mundo. Apesar de saber que lá só iríamos pernoitar, já se torna algo interessante na viagem.
Pela Rota Nacional 41, fomos sendo contemplados por um mar de morro e um rio de geleira.
Guerrinha de gelo- rsrsrs
Para atravessar a Cordilheira dos Andes (Argentina), não só nós enfrentamos dificuldade para respirar nos 4.759 m de altitude, como também o carro para subir numa das estradas mais espetaculares que já vimos na vida, até aqui.
Rio, montanhas de todas as cores, gelo, sal e deserto: paisagens únicas.
DE VOLTA À ARGENTINA
Chegamos a San Juan às 20h. Demoramos na aduana do Chile e um pouco na da Argentina.
O interessante de San Juan são as árvores que acompanham todas as ruas e dão uma cobertura vegetal incrível ao mar de prédios e demais construções.
A cidade do dinossauro foi destruída em 1940 por um terremoto. E se reergueu imponente. Lá também ficamos num hotel, com diária em torno de 190 Reais o casal (com café da manhã e estacionamento à parte). Tanto na Argentina quanto no Chile não é indicado você parar o carro na rua, mesmo que te digam que é tranquilo.
A cidade sediou a edição do Iron Man Argentina (competição de esporte no mês em que estivemos lá. Na noite que chegamos um jantar na cidade e um passeio pelo centro completaram a rápida passagem pela cidade.
CURIOSIDADES: PERCEPÇÃO DA VIAGEM
Já me perdi nos dias e me encontrei nas diferentes percepções sobre a viagem. Até mesmo em relação ao estilo de viagem. Certamente foi diferente para meu cunhado e minha irmã. Luís e eu nos acostumamos com essa forma de viajar. Somos viajantes inquietos e nada urbanos. Nômades sedentos por conhecer. Minha irmã e meu cunhado foram apresentados a uma forma diferente de trip. Afinal, percorrer quase nove mil quilômetros em poucos dias não é para muitos e exige um pouco de disposição. A coluna sentiu, o joelho doeu, mas o coração se encheu de alegria e a consciência expandiu ainda mais para novos cenários de mundo. Sempre é bom! Sempre é uma linda escolha.
Mais bacana é quando vemos que muitos também escolhem essa opção no manual da vida. O Thomaz, o casal de brasileiros do Sul do Brasil, a família que encontramos no alto de Susquez, os venezuelanos na van do passeio de pinguim, as francesas estudiosas da geologia chilena. Enfim, as descobertas que cada um faz da vida são uma eterna aula.
No dia seguinte, nos despedimos de San Juan rumo à Córdoba.
PEGAMOS CHUVA NO DESERTO, MAS NÃO TERREMOTO
Se tivéssemos ido para Santiago no Chile, conforme era previsto em nosso imprevisível roteiro, pegaríamos um terremoto lá ( Terremoto atinge região metropolitana do Chile e assusta população (bandab.com.br). Sorte que não fomos!
A caminho de San Juan, muitos vinhedos pelo estado de São Luís. Adiante, entramos no estado de Córdoba. Córdoba cidade é a mais antiga da Argentina.
Mas antes de chegarmos lá, pernoitamos no camping Piedras Pintadas de Los Alamos, em Villa Dolores. O povoado de 32 mil habitantes carrega a tradição de ser a terra da batata. A diária no camping, já com estacionamento, saiu 17 reais por pessoa. E foi lá também que encontramos uma figura da viagem. O apelidamos de Popeye. Um andarilho falante, falante e falante.
Camping Piedras Pintadas
O anoitecer em Villa Dolores
Antecedendo a chegada à Córdoba cidade, mas já no estado de Córdoba, seguimos para Los Gigantes, onde ficamos no Camping Casas Nuevas, com diária de 15 reais.
No dia seguinte, a chuva nos acompanhou, mas mesmo assim Luís e eu insistimos em conquistar a montanha Los Gigantes, o ponto mais alto do estado de Córdoba. Jefferson e Angélica ficaram no camping e num trekking próximo ao local.
Após quase duas horas de caminhada, chegamos à montanha. Trekking total ida e volta- 10km.
A vista que mais desejamos
Nossa subida aos Los Gigantes
10 km de trekking ida e volta
Mas é besta mesmo rsrsrs
Após o trekking, decidimos chegar à Córdoba cidade, onde pernoitamos no Hostel La Candona e conhecemos a brasileira Neila. A cidade chama atenção por sua arquitetura colonial; a Igreja do Sagrado Coração; a fonte de águas dançantes; um complexo de museus, dentre eles o do dinossauro; e o observatório astronômico, que, pasmem, não visitamos pelo mau tempo rsrsrs, ou seja, a chuva nos acompanhou.
Segundo Neila, quase não chove em Córdoba. Mas choveu. As ruas sem fiação, calçadas amplas e muitas árvores novamente foram pontos positivos em nossa singela observação.
Na manhã do dia 23 de março pegamos estrada em direção à Concórdia. Percorremos 650km. No estado de Santa Fé, almoçamos no restaurante do Garcia. Uma ótima comida a preço acessível (70 reais o casal).
A chegada à Concórdia foi noturna. Não deu para perceber o quanto a cidade era linda. Optamos por um hotel novamente (Hotel Plaza).
A cidade oferece inúmeros barzinhos, comércio, uma represa com diversas práticas de esporte, playas de água doce, uma costanera, onde é possível observar uma excelente e segura estrutura para motorhomes, ciclistas, pedestres, jovens, adultos, idosos.
Standup paddlle na Lagoa- Argentina Uruguai
Enfim, um lugar desejado e que deveria ser realidade em diversas cidades, a começar pelas nossas (Aparecida e Guaratinguetá). No local também é que estamos a um passo do Uruguai, por um rio que divide os países. Pelo rio chegamos lá.
Andamos na feira, assistimos ao amistoso da Argentina com o Panamá, praticamos standup paddlle, com direito a tombo do cunhadão na estreia e com uma aula show da talentosa Diana
(Link do bar e telefone da professora- Gastro bar Sup.
DE VOLTA AO BRASIL
Paso de Los Libres, fica na margem ocidental do rio Uruguai, Fronteira Brasil Argentina
No dia 25 de março, retornamos ao Brasil. Pela Rota Nacional 14, seguimos mais 630 km até Santa Maria, onde passamos pela BR 287. Após 7h, chegamos à pousada São Gabriel, onde conhecemos seis cachorros salsichinhas e o simpático proprietário Diego.
Só pelo seu jeito percebemos o espírito de família que aquela cidade carrega. Seja pela cultura local, seja fortalecido pela tragédia, que marca o município e que, em 2023, completou 10 anos. A história da tragédia na boate kiss nos tocou, mas estar perto do município sede dessa barbárie é algo muito forte. Diego contou do quanto um ajudou ao outro e ainda ajuda. Em seguida, levou minha irmã e meu cunhado até o local da tragédia.
Pelo Sul de nosso Brasil já somos apaixonados. Mas desta vez, o que nos chamou atenção foram as piores estradas que pegamos em toda a viagem. Mesmo com pedágios a R$4,10, o asfalto não faz jus à cobrança.
No dia seguinte, no caminho até Gramado,almoçamos muito bem em Feliz.
Logo, chegamos a Gramado. Ficamos no Hotel Sky Gramado, com diária de 175 casal + 10% taxa de turismo, com café da manhã e estacionamento. O frio de 15 graus marcou nosso passeio pelo centrinho dessa cidade, também conhecida como Suíça Brasileira. A páscoa chegou por lá bem antes.
No dia 27 de março, por volta de 10h pegamos estrada novamente, rumo à Guarda do Embaú-SC. Localizada na cidade de Palhoça, em Santa Catarina, a Guarda fica a apenas 50 km ao sul de Floripa. Luís e eu já havíamos estado lá, em 2018, mas a chuva nos impediu de ver o que a comunidade reservava.
Dessa vez, o sol nos deu a chance de aproveitarmos ao máximo desde o final de tarde que chegamos até o dia todo seguinte. Rolou passeio de barco, trekking na Pedra do Urubu, nas dunas da praia e no Costão para ver o por do sol. Rolou também natação no Rio Madre e Standupp paddlle.
Lá acampamos no Camping do Urubu, com 50 reais a diária por pessoa.
A Praia de Guarda do Embaú é muito imponente. Tanto, que tentar na raça adentrar o mar vai resultar no caldo bom. Mas Luís e Jefferson insistiram e foram. Angélica e eu preferimos o calmo Rio Madre.
Ao voltarmos do trekking no Costão para ver o por do sol, Luís e eu nos deparamos novamente com uma atitude, a qual mostra o espírito familiar que habita no sul de nosso país. Encontramos Seu Roberto cortando parte da vegetação da trilha que dá acesso ao costão e outras áreas de Guarda do Embaú, isto posto que dias antes ele havia visto cobras corais no local. O sentimento de pertencimento dessa gente catarinense que nos abraça.
Eu e meu sonhado biquini de crochê- Igual o Quico e sua desejada bola quadrada rsrsrs
No dia 29, pegamos estrada de volta pra casa e vencemos o mapa, depois de 13 horas e mais de 930 km de estrada.
O que dizer de tudo isso!!!
Obrigada, obrigado, muchas gracias....
O balanço que a gente faz!!!!!
Voltamos mais cansados, por que férias são feitas para cansar rsrsrs.
Voltamos mais cultos e abertos, pois viagens são feitas para desbravar.
Voltamos mais cautelosos e humildes, pois o Brasil é a riqueza natural mais desejada e que oferece muito para o seu povo. Imagine só viver no meio do nada de Susquez na Argentina ou até mesmo em Copiapó no Chile. Tudo é longe!
Resumo:
8,850 km percorridos
25 dias de viagem
5 países (vou considerar o Uruguai)
19 estados conhecidos
25 cidades visitadas
5 campings e 12 hotéis e hostel
Descobertas: que a terra é plana (haja pampa, deserto e oceano rsrs)
Que a água não vai acabar (Foz do Iguaçu)
A onda vintage dos bidês nos banheiros continua na Argentina e no Chile
Interruptores para fora dos cômodos
Voltagem 220w
Levar adaptador para carregar celulares
Exemplo de cobertura vegetal nas cidades. O que falta no deserto, sobra nos espaços urbanos.
Cidades sem fiação;
Não há frutas nos cafés da Argentina e Chile (compre nos mercados);
Povo civilizado no trânsito da maioria das cidades;
Muitos arco-íris;
Músicas da viagem: Color del Esperança- Diego torres; Miedo, Lenine- Hungria- Amor e Fé- Legião Urbana- Angra dos Reis.
Deixei essa por último. Luís e eu desistimos de comer nesse restaurante. kkkk
Li td cunhada e fui lembrando d td tb. Cada paisagem q vai ficar p sempre na nossa memória. Obrigado, sempre Obrigado
ResponderExcluirMuito top!!!
ResponderExcluirObrigada 😁😁😁😁
ExcluirRelato bem elaborado (não esperava menos) de uma viagem incrível. Que aventura! Aguardando para ouvir pessoalmente!
ResponderExcluirOieeeee. Que bom esse relatom♥️
ExcluirLilian vocé é perfeita!! Escreveu de maneira clara e leve! Quantos detalhes vc lembrou!! Amei essa viagem ,muito obrigada pelo convite!! Que passeio fantástico 🤩🤩 mil vezes muito obrigada!! ❤️
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